Colaboração de Maria Bahia.
Ao longo de séculos o Brasil e a América Latina vêm sendo roubados pela santíssima trindade: governos nacionais e estrangeiros, capitalistas e religiões nacionais e estrangeiras. Lá se vão 518 anos e alguns dias.
Ciclos de maior ou menor exploração de mão de obra (escravismo e trabalho assalariado, matérias primas, pedras preciosas e semipreciosas, latifúndios nas terras indígenas e quilombolas) ocorrem no país com a colaboração da elite branca e quase branca que impiedosamente comercializa as riquezas materiais, as forças de trabalho e as vidas da trabalhadora e do trabalhador brasileiros.
Um novo ciclo de assalto contra a classe trabalhadora está deflagrado. A classe trabalhadora perseguida, presa, assassinada nas periferias e campos vem sendo domesticada e pacificada pelos governos republicanos desde a primeira ditadura que dá o golpe instalando a República. Após uma fase de cooptação liberalizante que quase dizimou os trabalhadores, a cultura de classe e de luta das trabalhadores e trabalhadores Brasileiros. Após estes governos alimentaram a extrema direita autoritária e militarista. O atual governo e o próximo já realizam seus planos de lucros e dividendos.
É possível afirmar que os governos sucessivos da social democracia liberal levados à cabo por Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma, respectivamente do PSDB e PT, continuaram os ataques contra trabalhadores reduzindo, limitando e retirando direitos trabalhistas, mantendo a estrutura sindical e trabalhista de controle e silenciamento dos trabalhadores e do sindicalismo livre.
Em 2018 um governo autoritário, conservador e militarista foi eleito para governar o Brasil vestido de moletom, camisa de time de futebol ou terno e gravata no lugar da farda verde oliva. Chegamos ao século 21 no Brasil com a mais pura expressão de nossos tempos: apresente-se como democrata e agir como ditador. Evidente que as sutilezas do momento são maiores e contém mais variáveis que esta pobre metáfora. Registramos ainda que este quantitativo de votos não é a expressão final da vontade total do povo brasileiro. De um total de 210 milhões de habitantes aproximadamente 104.837,000 votaram. O número de abstenções, votos nulos e brancos alcançou 42.466,372 milhões. O que dá o 3º lugar para descontentes com candidatos, processo eleitoral, regime, e Estado.
Os anarquistas têm espaço para se colocar como opção, desde que desejem trabalhar junto aos movimentos de trabalhadores e movimentos sociais e afirmem-se como opção de vida, de organização social, política e econômica colocando-se ombro a ombro com os companheiros de trabalho, vizinhos e amigos que desejem uma vida mais justa e mais livre agora e uma sociedade livre já. A isto precede evidentemente o despojar-se da arrogância e prepotência típicas do individualismo que atravessa os anarquistas como toda a sociedade. Também, e ainda, para isto, os anarquistas de vários matizes necessitam definir suas prioridades, seus objetivos de curto, médio e longo prazo e alianças necessárias com os movimentos sociais e de trabalhadores anti-autoritários e autônomos aos partidos políticos.
Para já, no Diário Oficial da União do dia 29 de novembro de 2018 o governo do (P)MDB do presidente Michel Temer anuncia a satisfação da voracidade do capitalismo internacional e de governos estrangeiros: estabelece procedimentos, define competências e atribui funções para realizara liquidação e privatização das empresas públicas e estatais que são o patrimônio das pessoas trabalhadores deste país ao longo de mais de um século: Banco do Brasil, Correios do Brasil, Banco Caixa Econômica Federal, Petrobras, Companhia Hidrelétrica do São Francisco, Previdência Social com posterior capitalização da mesma, Companhia Elétrica do Brasil, Portos, Aeroportos,Ferrovias, Rodovias.
Colocamos a sua disposição o decreto que define as privatizações para que possa saber o que tramam contra nós trabalhadores e trabalhadoras.
DECRETO Nº 9.589