Saturnino Gonzaga(1)

Professor Paraibano

O Governo autoritário de extrema direita do Bolsonaro assessorado nacional e internacionalmente pela extrema direita tem uma agenda e um projeto em curso: ampliar e aprofundar o selvagem capitalismo neoliberal no Brasil.

Apoiado nacionalmente pela maioria de evangélicos conservadores e por militares autoritários capitalistas, eleito por cidadãos pobres de educação precária e conservadora, contando com votos na classe média, média alta de perfil proto-fascista, financiado e orientado parcialmente pela elite capitalista especuladora, rentista, latifundiária no país, Ele governa hoje uma maioria do povo Brasileiro atônita e amedrontada pela crueldade, a chantagem e terrorismo de governo implantados no seu governo.

A eleição “democrática” autorizou por quatro anos, caso nenhum crime seja realizado pelo presidente, o governo de um ex-militar pró ditadura de 1964, pró capitalismo subalterno internacionalmente e nacional-populista autoritário interno.

O presidente diante do silêncio e omissão das instituições nacionais do Estado Brasileiro e da aristocracia capitalista nacional conivente autoriza diariamente, através de frases de efeito, jargões, piadas em redes sociais e em rede nacional de Televisão, Rádio, Revistas e Jornais impressos comerciais a pena de morte de pobres, indígenas, mulheres, quilombolas, presos, jovens negros de periferias. Assim, policiais como os do Pará, cantam “pena de morte a brasileira”, jagunços assassinam cacique Waiãpi no Pará, policias rodoviários federais invadem sindicato e interrogaram arbitrariamente professores no Amazonas por preparar manifestação contra o presidente. Os exemplos mais e menos piores se multiplicam nos 8 meses deste governo.

A MENTIRA

No atual governo seu projeto tem como um de seus pontos da agenda realizar o desmonte da educação precária em todos seus níveis e a destruição da infraestrutura de investigação, produção acadêmica e científica. Tudo isso sobre o pretexto que a educação, a academia e a ciência são ideológicas e portanto nada científicas e distantes de Deus.

Cabe dizer que parte considerável do povo brasileiro se relaciona com a educação e o conhecimento como obrigação e como canal de ascensão econômica, mantendo uma relação utilitarista e individualista burguesa, mesmo que pobres. E nesse caso, fundados na falsa crença da meritocracia.

Contando com estas mentiras expostas neste parágrafo acima e bem recebidas por seus eleitores, o governo com seus ministros da Educação e da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações cortaram os recursos para investigação acadêmica e científica, vetam e vetaram seminários sobre diversidade sexual, gêneros, quilombolas, povos autóctones e pode levar ao fechamento da várias universidades federais, dentre elas a UFRJ no Rio de Janeiro, que já se encontra em condições operacionais precárias e com pesquisas ameaçadas.

Por fim, o ex-militar presidente ou o presidente militarista, está determinado a reescrever a história do Brasil utilizando a tinta e o papel pagos pelo povo brasileiro para afirmar, segundo sua fé evangélica, sua ideologia de extrema direita e em louvor do capitalismo: a ditadura militar no Brasil foi uma revolução, foi necessária e justificada pois, do contrário uma ditadura comunista teria sido instalada no país. As mortes realizadas pelo Estado com tortura ou mesmo frio assassinato foram necessárias pois se tratava de uma guerra entre o bem e o mal, entre a direita boa e a esquerda má, entre o capitalismo e o comunismo.

Com o poder dado pelo voto, com o dinheiro coletado dos impostos e fundado nas mentiras repetidas nas redes sociais um discurso único emitido da mente genial do presidente e de seus ministros aniquilará o trabalho de centenas de historiadores, cientistas políticos, sociólogos, filósofos e tantos outros cientistas sociais ou de exatas e naturais para dá lugar aos especialistas das igrejas pentecostais alinhadas e amigos do Rei.

O Preconceito

Bandido bom é bandido morto… Se meu filho for viado eu mato… Essa peça de negão pesa uma arroba… Tem direito humano para bandido e não tem para polícia… “Jamais estupraria você, por que você não merece… Daqueles governadores de paraíbas o pior é do Maranhão… Não existe fome no Brasil.” Não existe aquecimento global. Não aumentou o desmatamento na Amazônia. A terra é chata!

O território do Brasil hoje foi invadido e conquistado pelos portugueses ou foi colonizado? Teria sido melhor ser colonizado por ingleses do que por portugueses, espanhóis, holandeses? O negro é vagabundo. O índio é preguiçoso. Carioca é malandro. A Amazônia não se tornará um deserto se desmatarmos…

Precisamos perguntar e escutar, conversar pra acabar com o preconceito. Mas, hoje, neste governo, na altura em que se encontra a sociedade brasileira basta afirmar o que sente ou imagina, atacar o outro desviando ou distorcendo o objeto da questão. Pois não se trata de entender-se e compreender o outro. Trata-se de aniquilar o outro. Isso é uma das práticas fascistas para construção do discurso único: simplificar, anular e excluir. O motivador nestes casos listados acima é o ódio qual bem difundido e repetido leva ao medo e a paralisia aniquilando o pensamento e a expressão divergente.

O Ódio

Uma parte da população brasileira foi às ruas e urnas nos últimos dois anos mobilizada pela extrema direita renovada nos personagens, adaptada em práticas, arcaica nos valores e hiper-exploradora na economia. O Partido dos trabalhadores foi a mão que alimentou este monstro ao longo de seus governos até ser deposto por um golpe jurídico.

Os recurso do planeta estão em vias de extinção. Para tipos como Bolsonaro, Salvini, Trump e toda elite financeira, especuladora, latifundiária, e industrial do planeta importa apenas o gozo do luxo que podem obter da mulher e do homem que exploram pelo máximo de tempo possível independente das consequências para todo o planeta e espécie humana.

Então pode se atribuir a culpa do desemprego aos impostos caros e variados cobrados às empresas pelo Estado. Ou pode se culpar os professores por seus filhos se tornarem gays. Ou pode se culpar a Venezuela pela alta da gasolina e produção de indesejados refugiados. Ou pode ser que a culpa seja dos trabalhadores que exigem regras de segurança no trabalho impedindo o crescimento da produção. Ou pode ser culpa das mulheres que estão grávidas que têm direito de licença maternidade e exigem não trabalhar em condições de insalubridade. Também pode ser culpa do kit gay que impede a família de ser feliz e procriar para alimentar o exército de desempregados das periferias. A culpa é da prostitua que existe para seduzir os homens de bem e acabar com o casamento. Em suma a culta é sua que não serve a deus e está do lado do diabo. Mas, você pode ser salva entrando na minha igreja aceitando ao senhor deus, trabalhando e aceitando ao senhor patrão e assim sendo feliz com o que nós te oferecemos no céu e na terra. O contrário disso é seu inimigo.

O Discurso Único

Esta não é a primeira vez no Brasil que se busca homogeneizar o pensamento, ao menos o pensamento dos explorados.

O exemplo mais famoso foi o do ditador fascista Getúlio Vargas, mas, antes dele houve o Presidente Afonso Pena, que perseguiu, encarcerou e extraditou (Lei Adolfo Gordo, agora reeditada pelo Ministro Sérgio Moro) trabalhadores estrangeiros que lutavam por melhores condições de trabalho e de vida, e também por um outra organização social fundada no federalismo anarquista.

Nos 130 anos (1889-2019) de República após o fim da monarquia num golpe militar contou e conta com 10 militares na Presidência da República. Uma parte eleita e outra instalada por golpes militares. Em todos os casos, e independente do governo da presidência ser ocupado por militar ou não, uma estudo superficial aponta a presença militar em vários cargos da administração publica levando consigo não exclusivamente uma expertise administrativa e sim a autoridade e o peso da farda que em última instância pode ser usado para destruir oposições.

Há uma linha histórica da participação militar na ocupação de governos no país. O personagem militar nos governos do Brasil as vezes está de frente e outras na retaguarda. O projeto de país, de nação e a manutenção da exclusão do povo trabalhador é um elemento permanente desta linha política militarista, conservadora capitalista e se renova ao passar dos anos. Como vemos nos dias atuais temos a retomada desse projeto militarista para o país na figura do atual presidente.

Finalizando

Os governos da linha histórica militar surgem para presidir e infringir mudanças mais injustas para a classe trabalhadora e realizar mais uma parte do branqueamento da população exterminado indígenas e negros, exterminando trabalhadores e trabalhadores nos campos e nas cidades mantendo a pax cordial tropical que esconde um processo de genocídio e apocalipse humano e ambiental sem precedentes no cone Sul da América.

Enquanto nos distraímos com notícias, twitter’s, facebook, instagram a vida passa diante de nós como passou para o povo na declaração de independência do Brasil, no golpe militar que instala a República, no golpe de renovação da República por Vargas, na ditadura militar dos generais ou nos sucessivos governos de marechais e generais, e agora de um ex-militar.

Em todos os governos da história republicana, com maior ou menor participação de militares, o projeto de dominação, domesticação, controle e exploração do povo, da classe trabalhadora, de manutenção do patriarcado e branqueamento populacional e aniquilação da diversidade segue inalterado com o apoio estrondoso da direita e a omissão da esquerda partidárias, esta última com silêncio alimentado pelo desejo de voltarem ao poder, mesmo que vidas humanas sejam perdidas aos milhares, como vem ocorrendo, e mais agora com a devastação ambiental do país.

Diante da guerra contra nós todos negros, índios, gays, lésbicas, periféricos, classe trabalhadora organizar os coletivos, resistir e lutar juntamente com todos os movimentos sociais antiautoritários são os caminhos para a vida e a liberdade.

(1) Colaborador.

Foto: Kamikia Kisedje.